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O Capítulo Cavaleiros da Luz n° 402 da Ordem DeMolay para o Brasil, agradece a sua visita.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

História de Jacques DeMolay


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Jacques du Bourgogne DeMolay foi o último Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, Ordem também conhecida como Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. Este cavaleiro sofreu as mais terríveis torturas, durante anos ficou preso até seu julgamento final, quando enfim, foi queimado vivo. Apesar disto, este homem não renegou sua fé e não traiu seus companheiros, sendo até hoje, considerado um herói mártir, cujo exemplo de honra e fidelidade nos servem de modelo. 
Pouco se sabe de sua vida antes de ingressar na Ordem dos Cavaleiros do Templo, porém, a maioria dos historiadores modernos acreditam que  Jacques DeMolay nasceu em Vitrey - Departamento de Haute Saone, na França, no ano de 1244. Pouco se sabe de sua família ou sua primeira infância, porém, na idade de 21 anos, ele tornou-se membro da Ordem dos Cavaleiros Templários onde recebeu os ensinamentos da Cavalaria. Nesta época, o Grão-Mestre da Ordem era Tomas Berard (Béraut ou Bérail), cavaleiro que liderou a Ordem nos anos de 1256 à 1273. DeMolay assumiu o cargo de Grão-Mestre no mesmo ano da morte de seu antecessor, Tibaldo Gaudin (Theobald Gaudini), em 1293. Comandou um exército de 15 mil homens, uma das maiores forças militares da cristandade. Como de costume na própria Ordem, segundo alguns autores, DeMolay possuía pouca cultura, porém, compensava esta carência com sua liderança, ação e coragem.
A Ordem foi oficialmente sancionada pelo Papa em 1128 e seu nome original era "Pobres Soldados de Cristo", participou destemidamente de numerosas Cruzadas, e o seu nome era uma palavra de ordem de heroísmo, quando, em 1298, DeMolay foi eleito Grão Mestre. Era um cargo que o classificava como e muitas vezes acima de grandes lordes e príncipes. DeMolay assumiu o cargo numa época em que a situação para a Cristandade no Oriente estava ruim. Os infiéis sarracenos haviam conquistado os Cavaleiros das Cruzadas e capturado a Antioquia, Trípoli, Jerusalém e Acre, um importante porto no Mediterrâneo. Restaram somente os "Cavaleiros Templários" e os "Hospitalários" para confrontarem-se com os sarracenos. Os Templários, com apenas uma sombra de seu poder anterior, se estabeleceram na ilha de Chipre, com a esperança de uma nova Cruzada. Porém, as esperanças de obterem auxílio da Europa foram em vão pois, após 200 anos, o espírito das Cruzadas havia-se extinguido. 
Os Templários foram fortemente entrincheirados na Europa e Grã-Bretanha, com suas grandes casas, suas ricas propriedades, seus tesouros de ouro; seus líderes eram respeitados por príncipes e temidos pelo povo, porém não havia nenhuma ajuda popular para eles em seus planos de guerra. Era comum que entre seus Oficiais existissem Nobres e Príncipes, notadamente da Inglaterra, França, Espanha e Alemanha. Foi a riqueza, o poder da Ordem, que despertou os desejos de inimigos poderosos e, finalmente, ocasionou sua queda.
Em 1305, Felipe, o Belo, então Rei de França, atento ao imenso poder que teria se ele pudesse unir as Ordens dos Templários e Hospitalários, conseguindo um titular controle, procurou agir assim. Sem sucesso em seu arrebatamento de poder, Felipe reconheceu que deveria destruir as Ordens, a fim de impedir qualquer aumento de poder do Sumo Pontificado, pois as Ordens eram ligadas apenas à Igreja.
Filipe em um exemplo marcado de falsidade, continuou a prestigiar a Ordem e a DeMolay, continuando amigo do mesmo, porém na realidade, ele armava um plano contra estes cavaleiros. Em outubro de 1307, o Rei da França propôs a Jacques DeMolay, a abertura de um inquérito com a finalidade de restaurar a honra e o interesse da Ordem, e este ingenuamente aceitou. No dia seguinte, em uma Sexta-feira 13, Filipe, o Belo, agiu,  mandou prender todos os Templários da França sob acusação de heresia. Jacques DeMolay e 140 cavaleiros foram detidos pelo chefe da guarda real Guilherme de Nogaret que era também um de seus Conselheiros. Os cavaleiros foram presos e atirados em calabouços no palácio do Templo, na cidade de Paris. 
Foi o início de sete anos de celas úmidas e frias e torturas desumanas e cruéis para DeMolay e seus cavaleiros. Felipe forçou o Papa Clemente a apoiar a condenação da Ordem, e todas as propriedades e riquezas foram transferidas para outros donos. O Rei forçou DeMolay a trair os outros líderes da Ordem e descobrir onde todas as propriedades e os fundos poderiam ser encontrados. Apesar do cavalete e outras torturas, DeMolay recusou-se.
DeMolay foi cruelmente torturado durante os anos em que ficou encarcerado. Dentre as barbaridades cometidas, pelos registros sabemos que ele teve os polegares esmagados, foi supliciado com os sapatos de ferro, suas pernas foram ligadas entre tábuas por cunhas de carvalho, permaneceu sempre na sujeira e na umidade, tendo a fome como única companheira. Para forçar a confissão, DeMolay teve amarrado ao pé direito um peso de 81 quilos, e com a ajuda de uma corda e uma polia, era içado até o teto, com o peso pendurado. Com o corpo todo desconjuntado, DeMolay permaneceu nesta prisão durante anos. Sempre ligado a grossas correntes que prendiam seus tornozelos à parede. Estas correntes só foram retiradas uma vez...
Jacques DeMolay e outros Templários, foram mantidos presos como acusados e não como culpados. Estes anos de torturas, fome e solidão, foram levando o já ancião Grão-Mestre da Ordem dos Templários, à loucura. Após estes sete anos de torturas, o desespero foi tomando conta de suas almas, e DeMolay finalmente confessou que os Templários eram hereges. Após esta "confissão", DeMolay e outros três dignatários da Ordem foram levados a julgamento. Dentre estes, o preceptor da Normandia, Godofredo de Charnay (Geoffroy de Charnay), foi o primeiro a reconhecer e abraçar o velho Grão-Mestre, devolvendo as forças à DeMolay. 
DeMolay foi julgado três vezes e torturado várias vezes para que dissesse que era herege e que a ordem dos Templários cometia várias heresias.
Finalmente, em 18 de março de 1314, uma comissão especial, que havia sido nomeada pelo Papa Clemente V, a Inquisição, reuniu-se em Paris para determinar o destino de DeMolay e três de seus Preceptores na Ordem: Guy D'Auvergnie, Godofredo de Goneville ( preceptor da Aquitânia) e Hughes de Pairaud (tesoureiro e visitador do Templo da França). E qual não foi a surpresa dos Bispos e Cardeais que compunham a Comissão de Julgamento ao vê-lo após submetido a inúmeras torturas e já com 72 anos de idade, reunir forças para gritar em alta voz a sua inocência. Entre a evidência que os comissários leram, encontrava-se uma confissão forjada de Jacques DeMolay há seis anos passados. 
Os quatro acusados foram levados em uma carroça aberta diante da catedral de Notre Dame. Durante a passagem da carroça, a multidão se juntava, e ouvia-se gritos de acusações, porém a maior parte da população assistia em silêncio. Muitos sabiam como tudo havia sido conduzido, e como as confissões haviam sido obtidas. 
Ao anoitecer do dia 18 de Março de 1314, quando os sinos da Catedral de Notre Dame tocavam, destaca-se do grupo de carrascos a figura de um homem com um negro capuz. Curva-se e lança o fogo à pilha de lenha que rapidamente se inflama e se converte num manto de chamas impiedosas. Jacques DeMolay e seu companheiro Guy D'Auvergnie foram queimados vivos amarrados em colunas e cercados de troncos embebidos em líquidos inflamáveis, numa pequena ilha do Rio Sena - Ilha dos Judeus -, entre os jardins do palácio real e a Igreja dos Irmãos Eremitas. 
E neste trágico momento se escuta uma voz, a voz de Jacques DeMolay, que grita intimando aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, e amaldiçoando os descendentes do Rei da França, Filipe "O Belo": 

" PAPA CLEMENTE... CAVALEIRO GUILHERME DE NOGARET... REI FILIPE: INTIMO-OS A COMPARECER PERANTE AO TRIBUNAL DE DEUS DENTRO DE UM ANO PARA RECEBEREM O JUSTO CASTIGO. MALDITOS! MALDITOS! TODOS MALDITOS ATÉ A DÉCIMA TERCEIRA GERAÇÃO DE VOSSAS RAÇAS!!!" (Jacques DeMolay )

E, realmente, assim aconteceu...

No mesmo ano de 1314, morreram Clemente V, Guilherme de Nogaret e Felipe IV.
"Embora o corpo de DeMolay tivesse sucumbido aquela noite, sua vida não se finda na fogueira. Como suas cinzas espalhadas, pelo vento, por toda a França, seus exemplos de coragem, determinação, lealdade e nobreza atravessam os tempos e pairam sobre a Ordem DeMolay, cujo nome em sua homenagem viverá eternamente."

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